domingo, 24 de agosto de 2014

vai em boa hora, embora os ladrilhos que cortam meu pé e cada janela que me observa e agora tédio é pura sensação de não fazer nada
com você a minha mulher me olha daqui e de lá e eu não vejo nada dessa minha retina pálida além de uma estrela turva de choro. grande parte de mim vai embora e não sei se sobram meus ossos ou só um pó antigo do que tinha antes e agora não passa de uma sutil ideia um ontem feito de mim, que só tinha efeito com você a ideia de ir embora nunca foi sua sempre foi mudo cálido forte poderia me assistir sempre mas continuaria fincado e o solo sempre úmido o a estrada que alguém construiu a mata ou o que quer que tenha a sua volta foi feita por mim e isso não faz a menor diferença faz tempo. faz um tempo de gosto amargo que talvez eu não queira de volta. foi você quem saturou tudo? as construções e estradas e pedras que empilhei em seu nome foram todas com a minha energia e eu nem sei mais pra onde eu fui. quem sabe lá onde eu tô. você eu sei bem eu nunca sai do lugar e você gosta de me assombrar. a cidade é inteira áspera e isso sempre me incomodou hoje eu nem tenho como me curar mas continua na ideia tudo nosso é ideia e meu estomago já se corroeu o bastante um cheiro lúgubre não me soa mais triste mas como a única prova de vida possível existente em mim. tem montes de coisas pra resolver dentro e só as contas de luz são pagas. lambo os lábios de leve vários dias penso pra onde foi tudo de bonito que tinha nesse mundo. e ainda mais que quando olho pra uma antiga paisagem que me lembra de você parece que beleza ainda existe e que o mundo tem esperança mas depois passa e volto cinza pra casa. eu deito na minha cama para não fazer nada. muita coisa acontece dentro de mim e não sinto tédio nenhum. Dói mas eu quase que gosto. A minha janela só mostra fumaça e meu nariz arde. Você pode estar no por do sol ou em qualquer outro espaço que a beleza não vai estar no presente. é triste não viver no presente mas nosso tempo e espaço são distantes de si entre si e de todo o resto. longe daqui - mais pra cima, no sentido de estar mais longe de mim do que de você, mesmo eu não sabendo mais quem é quem - e nada funciona direito. sinto frio mas um calor estranho de dentro que me conforta enquanto meu peito aperta. quem disse que sara? faz saudade lá fora e você toma um copo de café na cidade do interior que deve estar te encantando, como você falou da última vez. eu fico estatelado sem pensar em nada - sentindo mais do que deveria - e não passo de um monte de gente jogado num móvel de madeira comida por cupins. quero sentir frio pra saudade se tornar real. o cheiro de pó o cigarro me deixam suja e eu não posso sentir nada que não suor e amargo. mas tanto faz porque você não pode sentir o mesmo que eu a longevidade já não me serve pra nada. tudo que eu vivo é um monte de metáforas que tentam repetir o que eu vi ontem na expressão sutil da sua boca quando me disse que gostava de dias chuvosos. não sei o que você fez com isso. talvez carregue por aí, exibindo seus aspectos de graça pelo mundo, prostituindo uma beleza ingênua enquanto parte de mim apodrece na aurora dessa manhã morna. você dizia que as coisas mortas de afligiam, e agora acho que sei porque não te tenho mais por perto.
não discutir
não discutir feminismo
não discutir feminismo com homens
não discutir feminismo com homens do seu cursinho
não discutir feminismo com homens do seu cursinho por facebook

hoje eu tava no festival autônom

o feminista e em um debate vi um homem tomar o microfone de outra pessoa que precisava daquele espaço pra relatar uma história de opressão. percebi como esses espaços precisam ser repensados o tempo inteiro. precisamos nos repensar o tempo inteiro. pra mim é cada dia mais claro que o machismo não é uma ideologia da qual vc escolhe ou não seguir, como socialismo ou algo assim. machismo é a dominação do gênero masculino sob o gênero feminino. todo homem representa uma figura opressora. o resultado dessa pesquisa sobre quem é culpado pelo estupro é fruto dessa cultura que precisa ser quebrada nas micro ações. acredito que ninguém que esteja lendo meu facebook pense que a mulher seja a culpada pelo estrupo, mas gostaria que todos tivessem consciência do quão são opressores e se repensassem.
amigos: sem flores poemas maquiagens jantares pagos, sem licenças desnecessárias nem a abertura das portas de carros ou cadeiras ajeitadas, sem carregar malas sacolas bolsas, sem presentes como produtos de beleza, limpeza e higiene, sem elogios sobre como exercemos bem nosso trabalho (aqueles que ainda são destinados a mulher) sobre como conservamos bem nosso corpo e nossa feminilidade. não queremos cavalheirismo, filoginia, reafirmação dos esteriótipos de gênero nem das exigências sobre o corpo da mulher. bjs

meta:
pensar
sempre
na
linguagem
pensar
sempre
na
metalinguagem
pensar na linguagem do metapensamento
arrossar e ferver
caf'e velhecer
de sentar e descer
e se manhecer
ce me a de ceder
todo peso de ser
preu desemulhecer
olhar datas tem me dado um pouco de aflição porque não tem mais nada marcado. to quase que com saudades de despertador. parece que to de férias por inércia. eu nem sei quando as férias acabam, eu deveria me matricular em alguma coisa, sair da cama, do computador, de são paulo. to com preguiça de viver, preguiça de tentar dormir... que coisa escrota, são tantos privilégios que eu nem consigo escolher. calaboca sara

cursinho:
café+
insônia+
cigarro+
facebook+
depressão+
raiva+
solistência+
gripe+
desespero+
ansiedade+
bar+
tédio+
estudar -
dedicação-
concentração-
disciplina-
disposição-
saúde-
simpatia-
motivação-
interesse-
tentar dormir
pra tentar acordar
e fingir estudar
e tentar ingressar
e me colocar
onde é pra estar
meu devido lugar
pra manter como ta
e em vez de mudar
a ordem é familiar
a cor é familiar
e o patamar
sem subir nem baixar
quando eu levantar
vou me odiar
sem me afastar
dos porcos do altar
eu não vou apanhar
vou continuar
onde eu quero quebrar
(eu quero me quebrar)
não vou me colocar
onde é o lugar
de quem tem que lutar
eu preciso lutar
contra mim
besteiras fb

todas as coisas tristes, o neymar, o plínio, a criminalização dos movimentos sociais, a seleção, o fim das férias, tudo isso pode me dar nos nervos. mas o que me da mesmo dor nos ossos e preguiça de existir é essa janela pequena e essa tosse seca que eu nem consigo
as vezes eu me sinto cansada de viver sempre dentro da mesma pessoa, é 
como se tivesse um eu que ta dentro de um eu maior. Eu sou o "me" o "mim" e o eu maior é o que as vezes me tortura. tem um eu que se cansa do eu maior. eu maior porque não me sinto no controle. mas ele não é necessariamente maior. eu não sei bem se realmente ainda existe um eu separado do outro. por exemplo, eu não sei dizer quem está escrevendo agora.
a
c.......u t o f i
h.......e.......c.......m a l u
o q u e.......,a n d o.......c a
(eu achava q era culpa do cursinho, mas eu to de férias)

é importante lembrar também que o termo "Femismo" existe pra explicar que feminismo não é o contrário de machismo. se fosse, pela gramatica, deveria ser chamado de femismo. mas não, ele não é uma prática. você não sofre femismo. mesmo que alguma mulher reaja a sua agressão, mesmo que ela generalize o seu gênero porque se sente oprimida pela classe de homens como um todo, você não ta sofrendo femismo. bjs.
as relações de dominação existem e não adianta achar que você homem não faz parte disso. é bom lembrar isso para nós mulheres não atuarmos de forma classista e racista e também pra que os homens não achem que sua aparência classe média hipster o torna menos machista. eu posso me sentir desconfortável com qualquer homem desconhecido que senta do meu lado no ônibus ou em qualquer outro lugar (não que eu seja a favor dos vagões exclusivos). o assedio de um gringo europeu é tão machista quanto a de um trabalhador brasileiro pobre.
Eu tava tentando e nao conseguindo estudar biologia e lembrei da escola da monografia e que na verdade eu nunca soube me concentrar e que agora eu tenho um semestre pra usar a concentracao que eu nao tenho. Quero outro cerebro.
To sentindo que o que eu sinto nao condiz com os significados dos sentimentos.
minha vida desde eu estudo: tem coisas que eu queria me dedicar. e coisas que eu preciso me dedicar. eu não me permito me dedicar para o que eu queria pensando que eu devo focar no que eu preciso. mas eu não consigo me dedicar para as coisas que eu preciso e não quero. então eu passo a maior parte do tempo fazendo nada e pensando, muito, no que eu deveria fazer. fim.
eu não consigo dormir mas não consigo sair da cama. amanhã eu não vou conseguir acordar. e acordada eu não consigo estudar. nem ler. nem ouvir música. nem tomar banho. eu tenho comido miojo. eu vou dormir na aula. não entendo matemática. eu já esqueci história. eu não liguei pra terapeuta. eu preciso desenhar. eu não tenho paciência pra fazer nem o que eu gosto. eu tenho idéias mas não sobra tempo. faz tempo que eu não faço nada e não sobra tempo
eu não consigo dormir mas não consigo sair da cama. amanhã eu não vou conseguir acordar. e acordada eu não consigo estudar. nem ler. nem ouvir música. nem tomar banho. eu tenho comido miojo. e o cigarro ta acabando e não tenho mais dinheiro. pra semana inteira. eu não tenho sono. eu vou dormir na aula. não entendo matemática. eu já esqueci história. eu não liguei pra terapeuta. eu preciso desenhar. eu não sei mais o que ouvir. tudo ta me incomodando. meus amigos tão me incomodando. faz tempo. mas eu não digo isso a eles. quando eles me mantem fora de casa. eu não consigo mais ficar em casa. eu to com tosse e meu pulmão ta doendo. faz tempo. hoje de manhã eu tossi sangue. hoje eu fumei mais de um maço. eu estou devendo dinheiro. o ano vai passar, já ta quase na metade. eu que mal comecei. sinto que ta tudo acabando. eu sou tão previsível e agora tudo parece distante. e imprevisível. eu ainda gosto de você. mas não penso muito, não gosto. to muito rasa. ta tudo desinteressante e tudo a mesma coisa. eu só penso em coisas ruins acontecendo. penso em velórios. eu gostaria de assistir o meu velório. eu gostaria que alguma coisa acontecesse. mesmo que ruim. mesmo que muito ruim. eu não quero me sentir culpada.
faz alguns dias que eu:
não tomo banho
não leio nada
não escuto música
não desenho
não estudo
não troco de roupa
não arrumo meu quarto
não penso em você.
"as vezes é só tpm
as vezes é meu signo
as vezes algum transtorno
mas quase sempre euprefiro achar que a culpa é das pessoas"

"acalmantesp ou- formas prolongadas de suicidio
cigarro
lamina
açucar
analgésico
dramim
etc"

"o que é isso no seu pulso?
meu cachorro me arranhou.
mas você não tem cachorro...
é o meu cachorro negro."
Não faço nada.
Nunca farei nada.
Não consigo querer fazer nada.
À parte isso, tenho em mim todos os planos do mundo.
que porra eu to fazendo acordada, que porra eu to fazendo no facebook acordada e que porra eu to fazendo escrevendo no facebook que eu to acordada
decepção do dia: eu sempre achei que o belchior dizia "tenho 25 anos de sono e de sangue" e "eu estou muito cansado dos pelos da minha cabeça". agora eu entendi que ele tem 25 anos de sonho e está cansado do peso da cabeça. me identificava com o sono e com o cabelo, que nem fazia muito sentido, mas eu gostava tanto que sempre pensava em estampar em algum lugar, ai eu decidi conferir e fiquei me sentindo incompreendida.
eu to quase sempre com sono. mas espero chegar no limite pra deitar e dormir. pra eu não perder o sono sem ter dormido. aí quando eu acho que to no limite eu fico nervosa com medo de perder o sono. tão nervosa que dói o osso e eu perco o sono. fim — se sentindo nervosa.